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segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Globocolonização

Frei Betto
Para muitos, a globalização, entendida como mundialização do mercado, é um avanço, cujos efeitos negativos podem ser corrigidos. Para outros, ela representa, de fato, a ocidentalização do mundo, com o objetivo de atender aos interesses do capitalismo.
Não é a economia que se mundializa, é o mundo que se economiciza, reduzindo todos os valores, materiais e simbólicos, ao preço de mercado. Tal fenômeno submete a cultura e a política à lei da oferta e da procura. Como a teoria econômica não fixa nenhum limite ao império do mercado, tudo que é objeto do desejo humano é reduzido às relações de troca, segundo as regras do sistema: um dos parceiros leva mais vantagem do que o outro.
No plano cultural, a criatividade tende a abandonar as ousadias do espírito humano para adequar-se à fôrma do mero entretenimento, como os enlatados que entopem nossos canais de TV. A agenda política dos países passa a ser ditada, cada vez mais, pelos interesses das transnacionais e, cada vez menos, pelas reais necessidades nacionais. A política abandona progressivamente sua função de administrar o processo econômico e social interno, para gerir estratégias econômicas impostas aos países de fora para dentro.
No plano cultural, toda a comunicação de massa torna-se mero apêndice publicitário, voltada mais a formar consumidores que cidadãos.
Constata-se, hoje, um grande paradoxo: quanto mais se fala de liberdade de informação, mais os meios são enfeixados em mãos dos grandes atores econômicos, que impõem a todos os habitantes do planeta um mesmo modo de pensar e de viver, tudo em função desta soberana senhora: a mercadoria. É a mcdonaldização do mundo, reduzido também a um só paladar.
Fonte: ADITAL

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